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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Proposta de divisão

A divisão sudanesa e seu impacto na África

11/01/2011 - Fabio Zanini: direto do Blog da Folha

Para onde vai a África depois da mais do que provável divisão do Sudão?

Enquanto se aguarda o fim da votação, no sábado, e depois a contagem dos votos (que promete ser um longo e demorado processo), especula-se o que pode acontecer com outros movimentos separatistas africanos (e no mundo, aliás).

Porque o Sudão do Sul criará um novo paradigma para a formação de Estados. Ainda mais forte que o de Kosovo, pois tende a ser universalmente reconhecido, ao contrário do que acontece com a declaração de independência da ex-província sérvia.

Sobre isso, escrevi o seguinte na Folha que saiu domingo:

“A descolonização africana começou há 50 anos com uma regra sagrada: fronteiras são indivisíveis. Ao longo de décadas, países surgiram às pencas, mas sempre respeitando o princípio conhecido no jargão da diplomacia como “uti possidetis” (o que você possui, em latim).

¦Do ponto de vista estratégico, fazia sentido que as linhas políticas traçadas pelas potências europeias no final do século 19 fossem a base para os novos Estados, por mais arbitrária que sua criação tivesse sido.

¦Uma espécie de acordo de cavalheiros proibiu subdivisões. Evitou-se, assim, que cada um dos centenas de grupos étnicos agrupados em alguns poucos países pelos colonizadores criasse seu Estado, receita para o caos.

¦Sempre que se buscou quebrar a regra, houve crises. A tentativa do sudeste da Nigéria de se separar em 1967 gerou a Guerra de Biafra, que deixou 1 milhão de mortos.

¦Não há precedente africano, assim, para a secessão do sul do Sudão. O caso mais próximo é a Eritreia, que se separou da Etiópia em 1993.

¦Mas a região havia sido colonizada de forma separada pela Itália antes de ser engolida pelos etíopes em 1951.

¦Quanto ao Sudão, trata-se da divisão de uma mesma ex-colônia (britânica), gerando um divórcio que será sentido por muito tempo em lugares como Somália, Angola e Marrocos, para ficar apenas em países africanos com movimentos secessionistas fortes.”