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segunda-feira, 31 de março de 2014

Saiba mais sobre a crise entre Ucrânia e Rússia

O presidente russo, Vladimir Putin, pediu à câmara alta do Parlamento russo que aprove o envio de forças armadas à região da Crimeia, na Ucrânia.
Embora tenha maioria étnica russa, a Crimeia é uma região autônoma pertencente à vizinha Ucrânia. 

Entenda mais sobre a crise:

1. Como começou a crise na Ucrânia?
Em novembro de 2013, o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, se
recusou a assinar um acordo com a União Europeia, priorizando as relações
com a Rússia. Em troca, recebeu a promessa de um pacote de ajuda de US$ 15
bilhões de Moscou, além da redução do preço do gás importado dos russos.
Milhares de pessoas foram às ruas de Kiev e outras cidades para protestar
contra a decisão
2. Qual foi a reação do governo?
O governo aprovou leis que limitavam as manifestações e reprimiu com
violência a ocupação de praças e prédios públicos. Em fevereiro, ao menos 82
pessoas morreram em confrontos entre ativistas e as forças de segurança
3. Como o presidente perdeu o cargo?
Em 22 de fevereiro, um dia após ter acordado concessões com a oposição,
Yanukovich deixou a capital, Kiev, e o palácio presidencial e outros prédios
governamentais foram ocupados por milícias. O Parlamento, também cercado,
decidiu afastá-lo do cargo. Um governo interino começou a ser montado e
eleições foram convocadas para maio deste ano
4. Por que a instabilidade continuou após a queda de Yanukovich?
A população das regiões leste e sul do país, especialmente da Crimeia, foi às
ruas para protestar contra o que consideram um golpe de Estado em Kiev. A
Rússia, aliada de Yanukovich e com interesses na região, também condenou a
medida
5. Quais os interesses da Rússia na Ucrânia?
A ex-república soviética é rota de diversos gasodutos que transportam o gás
russo para a Europa. Além disso, a Rússia mantém uma base militar estratégica na Crimeia, região ucraniana onde a maioria da população tem origem russa.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Carro brasileiro sai mais barato na Argentina

Carro brasileiro sai mais barato na Argentina
Ilustração Impávido Colosso/Reprodução
Coisas do famigerado "custo Brasil". O Strada Working 2014, principal modelo exportado hoje pela Fiat brasileira, é vendido na Argentina com mais equipamentos de fábrica e mais barato do que no Brasil. "O modelo disponível para os hermanos já vem equipado com ar-condicionado, direção hidráulica, rádio AM/FM/MP3, para-brisas com degradê, brake light, antena e alto-falantes. Na versão disponível para os brasileiros, todos os itens citados são opcionais", diz o blog Impávido Colosso da Veja. No Brasil a versão básica sai por 35.380 reais. Na Argentina, onde o Strada brasileiro com todos esses itens de série é comercializado por 106.200 pesos, aproximadamente 31.780 reais

segunda-feira, 17 de março de 2014

Quase dez dias do desaparecimento do boeing

As autoridades malasianas pediram a uma série de países, a maioria do sul e do centro da Ásia, que se incorporem à busca do avião da Malaysia Airlines depois de as investigações confirmarem que o aparelho mudou de rota deliberadamente para oeste.
As suspeitas para o desaparecimento do avião são: sequestro, terrorismo e problemas psicológicos ou pessoais de alguém no interior do avião.
Estes novos dados abriram no fim de semana duas zonas de investigação: uma faixa que vai do norte da Tailândia até Cazaquistão e Turcomenistão, e outro corredor que parte da Indonésia e adentra no sul do oceano Índico, a oeste da Austrália.
O avião transportava 239 pessoas, entre 227 passageiros e uma tripulação de 12 malasianos.

Qual é o futuro da Ucrânia?

Para ter estabilidade a longo prazo o país precisa de um acordo de união nacional, ou deve começar a cogitar uma divisão política. 

Carta Capital
Por José Antonio Lima

A legitimidade do presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, foi novamente minada nesta quinta-feira 20. O caos se ampliou em Kiev, a capital do país, devido aos confrontos entre forças de segurança e manifestantes que, há três meses, protestam contra o desejo do governo de aproximar a Ucrânia da Rússia. Segundo números oficiais, 39 pessoas morreram nesta quinta, muitas assassinadas por atiradores de elite, levando o total de vítimas fatais para 67 nos últimos três dias. Yanukovych decidiu fazer um jogo duplo. Ao mesmo tempo em que indica a possibilidade de convocar o Exército e ampliar a repressão, reabre negociações com a oposição. Dificilmente a estratégia terá sucesso. No curto prazo, a Ucrânia deve precisar de um governo de transição, sem Yanukovych, para evitar uma guerra civil. No médio e longo prazos, o país precisa considerar soluções mais difíceis para obter estabilidade.
Os problemas atuais do povo ucraniano têm raízes históricas antigas. A Ucrânia é fruto da reorganização geopolítica realizada ao fim da Primeira Guerra Mundial. Encerrado aquele conflito, um pedaço do Império Austro-Húngaro foi unido a um território do Império Russo e o resultado foi um Estado fraco na fronteira entre a Europa e a Rússia. Os habitantes das duas áreas eram bastante diferentes e até hoje o contraste é claro. No sul e no leste da Ucrânia, redutos eleitorais de Yanukovych, predominam a língua e a etnia russas, enquanto no norte e no oeste, onde a oposição tem mais votos, a língua e a etnia são ucranianas.
Ao longo do século XX, essas diferenças foram suprimidas pela formação da União Soviética e a brutal e sanguinária repressão imposta por Moscou. Em diversas oportunidades, o lado “ucraniano” da Ucrânia se insurgiu contra a influência russa, sempre em batalhas ferozes, mas nunca vitoriosas. O fim da União Soviética, e a consequente independência da Ucrânia, trouxeram os contrastes internos de volta à tona. Um fator externo, entretanto, serviria para transformar a dualidade de identidades da Ucrânia em um barril de pólvora.
Para os Estados Unidos e a União Europeia, o fim da União Soviética foi uma oportunidade de encurralar a Rússia. Este processo se deu por meio de duas entidades internacionais, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a própria UE. Em 1999, Hungria, Polônia e República Tcheca, todos ex-membros do Pacto de Varsóvia, entraram na Otan. Em 2004, foi a vez de Bulgária, Eslovênia, Eslováquia, Estônia, Letônia, Lituânia e Romênia. Da mesma forma, países da Europa Oriental “migraram” para a União Europeia na última década. Em 2004, foi a vez de Estônia, Eslováquia, Eslovênia, Hungria, Letônia, Lituânia e Polônia. Em 2007, a de Bulgária e Romênia.
O resultado desse processo foi a chegada das fronteiras militares e econômicas do “Ocidente” às portas de Moscou, uma ameaça estratégica intolerável para a Rússia. Da antiga área de influência soviética só restam Bielorrússia, uma ditadura sustentada pela Rússia, e a Ucrânia, dividida entre a Europa e Moscou.
Para o Ocidente, tirar a Kiev da esfera de influência da Rússia de Vladimir Putin seria um trunfo e tanto. Ocorre que a cartada máxima nesse jogo, a integração completa à União Europeia, não pode ser usada agora. A Ucrânia é um país pobre, de 45 milhões de pessoas, que não poderiam ser absorvidas imediatamente por França, Alemanha e outros países sem causar instabilidade. Assim, a UE tenta atrair a Ucrânia de outras formas, como acordos comerciais. Em novembro, um deles quase foi assinado, mas a recusa de Viktor Yanukovych de confirmar a negociação, sob pressão da Rússia, fez explodir os atuais protestos contra ele.
Para a Rússia, a Ucrânia é um trunfo muito mais importante do que para a União Europeia. Pelas terras ucranianas Moscou envia seu gás natural para a Europa e tem acesso às águas quentes do Mar Negro. Também é no Mar Negro, no território ucraniano da Crimeia, que está uma das mais importantes frotas navais de Moscou. A saída da Ucrânia da esfera de influência russa, assim, é encarada quase que como uma questão existencial por Moscou.
O que não se sabe ainda é até onde está disposto a ir o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para garantir influência sobre a Ucrânia. Yanukovych pode transformar o país em uma ditadura ao aumentar ainda mais repressão, ou levar a Ucrânia a uma guerra civil. Ambos cenários são de instabilidade, e aparentemente não desejáveis pela Rússia. Como Estados Unidos e União Europeia também não têm interesse em um cenário caótico, a formação de algum tipo de governo de transição pode ser a solução a curto prazo.
Ocorre que a realização de novas eleições, hoje programadas para 2015, vai simplesmente reabrir as feridas mais para frente caso a Ucrânia continue se dividindo e sendo disputada entre a Rússia e o Ocidente. Diante disso, o país precisa de uma solução de longo prazo, e ela não será nada fácil. Uma possibilidade é um acordo nacional, com concessões de lado a lado, que permita ao país conviver com as potências internacionais sem se conflagrar a cada crise. Caso isso não seja possível, talvez a Ucrânia deva pensar em uma solução mais insólita e radical: se dividir em dois países para que cada um possa seguir seu rumo em paz.